Quinta das Peixotas

“Eu sinto que quando se cresce num lugar, como um lugar bonito, um lugar incrível, não se dá tanto valor. Não se vê com os mesmos olhos e é apenas casa.”

Joana Fraga de Almeida e as suas duas irmãs, Sofia e Maria Fraga de Almeida, depararam-se com uma decisão inesperada quando, após o falecimento do pai em 2014, surgiu a possibilidade de continuar — ou não — a gerir a Quinta das Peixotas. Juntamente com a mãe, Conceição Fraga, tiveram de refletir se, para além do sentimento de responsabilidade, existia um verdadeiro desejo de dar continuidade à visão do pai, que havia iniciado o projeto vitivinícola em 1986 como um verdadeiro ato de paixão.

Contudo, antes de decidirem se queriam manter o projeto na família, era essencial ponderar como — e se — o poderiam levar adiante, considerando as suas próprias limitações pessoais. Afinal, foram os próprios pais, ambos médicos, que incentivaram as filhas a sair da região do Douro para prosseguirem estudos superiores, escolhendo percursos distintos nas áreas da medicina, arquitetura e design. Seria este apenas um sonho do pai, ou um legado ao qual, no fundo, gostariam de regressar?

Foi após uma reflexão profunda sobre as suas memórias que tomaram a decisão de continuar a gerir o projeto vitivinícola nos arredores do Peso da Régua. O amor pela terra e a vivência regular na Quinta acabaram por convencer as quatro mulheres a dar continuidade àquilo que o pai iniciara.

Com um novo fôlego, as irmãs e a mãe decidiram honrar o sonho do pai e marido, modernizando a empresa de forma a refletir as suas paixões, ideais e conhecimentos — e, com o tempo, seguir um caminho mais sustentável e amigo do ambiente. 

Maria, designer de formação, foi responsável por reimaginar a identidade visual do projeto, presente tanto nas garrafas como no site. A nova marca integra imagens aéreas dos socalcos (vistas de topo das vinhas da quinta), que servem de base para xilogravuras usadas no design e a tipografia evoca a paixão do pai pela música. O site, por sua vez, é moderno e informativo, contando a história do projeto e da produção dos vinhos.

Joana, arquiteta, decidiu recentemente dedicar mais do seu tempo ao projeto familiar, assumindo o cargo de Gerente, que concilia com a sua atividade profissional na arquitetura. Na Quinta, é ela que recebe os grupos de enoturismo e organiza as provas dos vinhos. Em setembro, em conjunto com as irmãs e a mãe, organizam a vindima, momento da apanha das uvas com a tradicional pisa dos lagares – um evento sempre marcante onde amigos, família e alguns visitantes e turistas partilham uma experiência genuinamente familiar e enraizada na tradição.

Em termos estruturais, a mudança mais marcante na empresa foi a sua transição de um projeto pessoal e apaixonado do pai para um negócio de propriedade e liderança inteiramente feminina, com um posicionamento cada vez mais alargado no mercado. Atualmente, a Quinta das Peixotas é certificada como vegan e após mais de 20 anos a adotar o Sistema de Proteção Integrada na gestão agrícola (eliminando o uso de químicos, fertilizantes e pesticidas nas vinhas, oliveiras e restante território) encontra-se em processo de conversão para modo de produção Biológico, prevendo para breve o seu primeiro vinho Bio.

Atualmente, as irmãs e a mãe optaram por se afastar das estratégias de marketing mais convencionais, como concursos pagos e grandes promoções. A mudança ocorre num contexto desafiante para a região do Douro, marcado por fenómenos meteorológicos extremos, dificuldades na contratação e retenção de mão de obra para as vinhas, e transformações geracionais entre os residentes locais.

Acima de tudo, as quatro mulheres mantêm o seu compromisso com a essência do projeto: vinhos que honram e valorizam o terroir de onde provêm, honrando assim a paixão original do pai pela terra, preservando e renovando as memórias construídas na Quinta e partilhá-las com as gerações futuras.

A Quinta das Peixotas produz cinco vinhos DOC Douro — branco colheita, tinto colheita, branco reserva, tinto reserva e tinto grande reserva —, utilizando apenas castas autóctones e tradicionais da região. Prepara-se para lançar, ainda este ano, um colheita tardia rosé, feito a partir de uvas tintas e um espumante tinto.
Para além do vinho, a Quinta dedica-se também à produção de azeite.

Saiba mais sobre este projeto vitivinícola em www.quintadaspeixotas.com.
É possível agendar visitas à vinícola com 5 a 7 dias de antecedência.

Four women take the lead in a wine project, managing agricultural production and wine production in a modern way, in tune with changing times. They rethink the company with a more ecological and sustainable approach, without losing sight of the essence of its roots.

“I think that when you grow in some place, like a beautiful, an amazing place, you don't give it so much value. You don't see with the same eyes and it's just it's just home.”

When Joana Fraga de Almeida and her two sisters, Sofia and Maria Fraga de Almeida, considered the prospect of whether or not to continue operating Quinta das Peixotas after their father passed away in 2014, they faced an unexpected decision. Along with their mother, Conceição Fraga, they needed to draw on more than just their sense of responsibility to decide whether to maintain their father’s vision for the vineyard that had begun as his passion project in 1986.  

However, before deciding whether they wanted to keep the project in the family, it was essential to consider how—and if—they could carry it forward, given their own personal limitations. After all, it was their parents, both doctors, who encouraged their daughters to leave the Douro region to pursue higher education, choosing different paths in the fields of medicine, architecture, and design. Was this just a dream of their father's, or a legacy to which, deep down, they would like to return?

Ultimately, it was through reflection of their shared memories that convinced them to continue managing the wine project on the outskirts of Peso de Régua. Their love of the land and the memories of regular visits to the estate encouraged the four women to continue what their father had started.

With renewed energy, the sisters and their mother decided to honor their father and husband's dream by modernizing the company to reflect their passions, ideals, and knowledge—and, over time, to follow a more sustainable and environmentally friendly path.

Maria, a designer, reimagined the visual identity of the winery, on the bottles and on the website. The branding includes aerial images of the farm's terraced vineyards as the inspiration for the woodcuts used in the design, and the typography gives a nod to their father’s strong interest in music. The website is fresh and informative with both the history and stories of the winery and winemaking in pictures and words. 

Joana, an architect, recently decided to devote more of her time to become the manager of operations for the winery, which she balances with her architecture practice. At the farm, she welcomes groups for enotourism and arranges wine tastings. In September, together with her sisters and mother, she organizes the grape harvest, a time when the grapes are picked and traditionally stomped in lagares, or granite tanks, creating a memorable event for friends, family and some visitors and tourists to feel included in an authentic family experience that is rooted in tradition.

Collectively, the most significant change to the winery is to shift from a father’s personal passion project to a woman-owned, market-expanding business. Quinta das Peixotas is now certified vegan, and, after more than 20 years of adopting the Integrated Protection System of land management which eschews all chemicals, fertilizers and pesticides in the vineyards, olive groves, and the rest of the land, the farm is in the conversion process toward organic production, with its first organic wine expected soon.

Currently, the sisters and their mother have also decided to move away from conventional marketing strategies, such as paid contests and large promotions, in order to maintain the winery, their careers and families in a healthy balance. They do this at a time in which the Douro is facing challenges in many areas, including more extreme weather, the difficulty of attracting and maintaining vineyard workers, and generational changes among local residents.

For now though, the four women remain dedicated to the essence of the project: wines that honor and value the terroir from which they come and the original passion of their father for the land, preserving memories they have made and wish to continue creating for their children, families, and community, and the vision for a more ecological project with sustainably produced wines and olive oil to share with the world.

Quinta das Peixotas produces four Douro DOC wines: a white vintage, red vintage, white reserve, red reserve and a red grand reserve, using indigenous and traditional grapes of the region. It is preparing to launch a late harvest rosé, made from red grapes, and a red sparkling wine later this year. In addition to wine, the estate also produces olive oil.

Learn more about this wine project at https://quintadaspeixotas.com/. Visits to the winery are possible to arrange with 5-7 days notice. Support women-owned wineries by buying directly! Information about the wines is available here on the website along with contacts for ordering, shipping or pickup.